Tenho dos filhos meninos, os dois, professores. Tenho uma nora que também é professora. Um deles trabalhava em Santana[1]. Ficou um ano doente há um ano, com um câncer de pele, veio se cuidar aqui.

Na safra do açaí, só tiramos açaí. Meus filhos fazem o manejo do açaizal.

Eles pegam camarão também. Os viveiros onde eles colocam os camarões que pegam no matapí tem telas com furos do tamanho de uma caneta bic, para os camarões miúdos poderem sair.

Eles têm também caixas de manejo de peixe[2], que são fixados com toras de açaizal. Puseram muito peixe, tambaqui e tambatinga, um cruzamento de tambaqui com pirapitinga, mas eles não se desenvolveram bem. Eles puseram uns 500 peixes por caixa, mas acho que deveria ter no máximo 300, para alimentar com ração. Por isso não vieram bem.

De janeiro em diante, eles tiram semente de virola, que vendem para a Natura, para eles fazerem perfume[3]. Agora, não vai ao sol, então, este ano, não tiraram. Antes da Brumasa, tirava-se muita virola, porque não cortava a madeira. Com a Brumasa, que comprava a madeira, a produção de sementes diminuiu muito.

Notas

[1] Município vizinho a Macapá, onde se localiza o porto da capital do Amapá. É a cidade grande mais próxima dos moradores desta parte do município de Gurupá. É lá que grande parte dos jovens fazem seus estudos e muitas famílias tem membros morando em Santana ou em Macapá.

[2] Viveiros de madeira, para criação de peixe cativo.

[3] Na região, a Natura compra sementes de virola, mumurú e andiroba.