sobre este blog

Os trabalhadores rurais de Gurupá, ribeirinhos do estuário do Rio Amazonas, tem uma longa história de lutas e resistência. 13 comunidades são remanescentes de quilombos, várias outras foram constituídas pelos “cabanos”, que, derrotados na Cabanagem, se refugiaram nos rios e igarapés de Gurupá. Durante décadas ou séculos, viveram na floresta, viveram da floresta.

No final dos anos 80, a pressão dos madeireiros e dos grileiros aumenta. Eram tempos de democratização, de afirmação de direitos, de constituição cidadã. Eles decidem, então, novamente pegar seu destino em mãos: criam as comunidades eclesiais de base em quase todas as comunidades, organizam uma oposição para tomar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de um pelego, que queria fraudar as eleições, ocupam a sede do STR por 52 dias, resistem às tentativas de retirada pela polícia militar, ganham as eleições e começam uma luta pela posse de suas terras e pela preservação da floresta e dos rios.

No começo dos anos 90, estabelecem uma parceria com a FASE, ONG com sede no Rio de Janeiro, que monta escritório em Belém e Gurupá, e iniciam um projeto que dura quase duas décadas e reforça esta luta. A equipe da FASE foi coordenada, na maior parte do tempo, por Paulo Henrique Borges de Oliveira. Juntos, STR e FASE obtém apoio financeiro – de ONG e organismos internacionais – para vários projetos comunitários, estabelecem parcerias com diversas equipes de pesquisa – em particular do Museu Emilio Goeldi, de Belém – e com órgãos governamentais, em várias esferas.

Hoje, podemos medir o resultado deste trabalho coletivo. Ao visitar Gurupá, tem-se a impressão de estar visitando um país a parte: a República Agro-Extrativista de Gurupá, com comunidades dinâmicas, capazes de acolher os jovens que estudaram fora, mas optaram construir suas vidas nas terras em que nasceram, com projetos inovadores, promissores e exemplares.

É o resultado destas quatro décadas de luta que queremos mostrar.